Raiva



Quando era criança, por causa do meu carácter impulsivo, tinha raiva à menor provocação. Depois desses incidentes sentia-me envergonhado e esforçava-me por consolar quem tinha magoado. Um dia, depois de uma explosão de raiva, o meu professor viu-me a pedir desculpas. Entregou-me uma folha de papel lisa e disse:

- Amassa-a!

Com medo, obedeci e fiz com ela uma bolinha.

- Agora deixa-a como estava antes.

É óbvio que não pude deixá-la como antes. Por mais que tentasse, o papel ficou cheio de vincos. Então o professor disse-me:

- O coração das pessoas é como esse papel. A marca que neles deixamos é tão difícil de apagar como esses vincos.
Pegadas na Areia


Uma noite eu tive um sonho. Sonhei que estava andando na praia com o Senhor e através do Céu passavam cenas de minha vida. Para cada cena que passava, percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia; um era o meu, e o outro, do Senhor. Quando a última cena de minha vida passou diante de nós, olhei para trás, para as pegadas na areia, e notei que muitas vezes no caminho da minha vida havia apenas um par de pegadas na areia. Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos da minha vida. Isso aborreceu-me e então perguntei ao Senhor:
- Senhor, Tu me disseste que, uma vez que eu resolvi Te seguir, Tu andarias sempre comigo, em todo o caminho. Contudo, notei que durante as maiores atribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia. Não compreendo porque nas horas em que eu mais necessitava de Ti, Tu me deixaste sozinho.
O Senhor me respondeu:
- Meu querido filho. Jamais te deixaria nas horas de prova e de sofrimento. Quando vistes na areia, só um par de pegadas, eram as minhas. Foi exactamente aí que eu te carreguei em meus braços.