Um dia desses, em uma das aulas iniciais de um curso de graduação em tecnologia, uma aluna recém chegada anunciou para mim:
“Professor, não estou entendendo nada. Vou mudar de curso.”
E foi mesmo.
Não sei se ela mudou de curso ou desistiu, mas não deu mais as caras na minha aula até hoje. Uma pena.
Se ela tivesse me pedido algum conselho sobre o fato de não estar entendendo algo, eu teria respondido simplesmente: “Que ótimo que você não está entendendo, sinal que existe algo que você pode aprender neste curso”.
Eu ficaria muito irritado se eu fosse fazer um curso sobre um assunto que não domino como, sei lá, cogumelos franceses e o instrutor não me transmitisse nenhum assunto novo. Mas acho que sou minoria.
A maioria de nós teme as novidades. Ficamos apavorados em ter que aprender um novo idioma ou uma nova rotina de trabalho e nos agarramos aos nosso hábitos confortáveis como um exorcista ao seu crucifixo.
E fechamos as portas da evolução.
A única forma de evoluirmos é nos colocarmos em situações novas, frente a assuntos que não dominamos e que nos causam desconforto.
Como exemplo de evolução, imaginemos o tubarão. Rimou.
O tubarão não evolui há milhões de anos. Ele é um grande especialista no que ele faz e tem se dado muito bem até hoje. Mas isto mostra que ele também tem aversâo a aprender coisas novas.
O problema é que o mundo muda.
O tubarão hoje tem que enfrentar a competição com o ser humano, e está perdendo. Muitas espécies estão ameaçadas de extinção.
Por que o tubarão não evoliu? Por que não fica mais rápido, aprende a voar ou desenvolve visão de raios laser para enfrentar os humanos com vantagem novamente?
Por que o tubarão está acomodado. Ele faz algo bem durante milhões de anos e não consegue reconhecer a mudança à sua volta.
Se colocássemos um tubarão em uma aula de aikidô para poder se defender dos pescadores, provavelmente ele diria: “Eu não trabalho assim. Não preciso aprender isso, o que eu já sei serviu bem até hoje e me basta.”
Tubarões não falam, isto é só uma metáfora, mas se aplica a todos nós.
Quantos de nós não se recusam a tentar aprender algo ou se colocar em uma situção nova?
Durante muito tempo eu hesitei em dirigir automóveis, por que não me achava “pronto”. Eu queria estar “pronto” antes de encarar uma avenida. Mas com o tempo eu percebi que nunca estaria “pronto”, não antes prativar o ato de dirigir, pelo menos. E tive que enfrentar desconforto, assim como todo mundo.
Me surpreende que tantas pessoas possam enfrentar o apavorante ato aprender a dirigir, com todos seus riscos e ofensas verbais, mas fiquem apavorados em aprender inglês ou conversão para hexadecimal. Talvez eles não se achem “prontos” para evoluir.
O tubarão talvez não se ache pronto para evoluir também, mas talvez esteja extinto antes que perceba que mudanças são necessárias.
Clonado de ; http://www.ecronicas.com/2007/03/31/e-cronica-68-a-metafora-do-tubarao/
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