O julgamento é ato interno, que permanece dentro da esfera de consciência de quem julga. Uma vez tomada a decisão de julgar, isso ainda não gera efeitos materiais, não constitui nem desconstitui nada.
Julgar é atitude formal, não é material. Já a expressão do julgamento, a verbalização, a constituição dos efeitos do julgamento no mundo real causada da pelo ato de julgar, pode ser definida em três diferentes atitudes: concordância, discordância e neutralidade.
A neutralidade não vem da pura e simples observação. Não seria lógico dizer-se neutro sem nenhuma apreciação inicial. A essa atitude de observar e nada fazer podemos chamar de passividade, alienação, fuga.
Olhar e permanecer olhando é observação. Olhar, pensar e decidir pela concordância, discordância ou neutralidade, é julgamento.
Julgar não é algo reprovável, louvável ou neutro. As atitudes decorrentes do julgamento o podem ser. Logo, todos temos o direito de, comedidamente, julgar.
"Para julgar os Espíritos, como para julgar os homens, é preciso, primeiro, que cada um saiba julgar-se a si mesmo. Muita gente há, infelizmente, que toma suas próprias opiniões pessoais como paradigma exclusivo do bom e do mau, do verdadeiro e do falso; tudo o que lhes contra-diga a maneira de ver, a suas idéias e ao sistema que conceberam, ou adotaram, lhes parece mau. A semelhante gente evidentemente falta a qualidade primacial para uma apreciação sã: a retidão do juízo. Disso, porém, nem suspeitam. É o defeito sobre que mais se iludem os homens." (Allan Kardec, O livro dos médiuns)
E uma vez julgado, temos ainda o direito de repreender, ou compreender, ou ajudar, ou lamentar, ou fazer qualquer coisa que tivermos vontade, pois Deus nos deu o livre-arbítrio.
Durante o ato de julgar, cabe-nos usar de bom senso e seguir as tantas boas recomendações que nos foram deixadas por Deus, fazendo do julgamento mais uma ferramenta do nosso processo evolutivo.
"Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direito de repreender o seu próximo?
Certamente que não é essa a conclusão a tirar-se, porquanto cada um de vós deve trabalhar pelo progresso de todos e, sobretudo, daqueles cuja tutela vos foi confiada. Mas, por isso mesmo, deveis fazê-lo com moderação, para um fim útil, e não, como as mais das vezes, pelo prazer de denegrir. Neste último caso, a repreensão é uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda seja cumprido com todo o cuidado possível. Ao demais, a censura que alguém faça a outrem deve ao mesmo tempo dirigi-la a si próprio, procurando saber se não a terá merecido. – S. Luís. (Paris, 1860.)"(Allan Kardec, O evangelho segundo o espiritismo)
Portanto, é preciso refletir sobre a necessidade e a utilidade do julgamento, pois do Perfeito espera-se a perfeição, do imperfeito a imperfeição.
"Devido ao homem ter tendência para ser parcial para com aqueles a quem ama, injusto para com aqueles a quem odeia, servil para com os seus superiores, arrogante para com os seus inferiores, cruel ou indulgente para com os que estão na miséria ou na desgraça, é que se torna tão difícil encontrar alguém capaz de exercer um julgamento perfeito sobre as qualidades dos outros. " (Confúcio, A Sabedoria de Confúcio)
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